terça-feira, 19 de agosto de 2014

Greenpeace e o arroz dourado


Greenpeace. Uma organização voltada para salvar o planeta, que realiza ações espetaculares e conta com donativos de mais de 30 celebridades de Hollywood e da música pop (Madona e Paul McCartney entre eles). Precisa de mais alguma coisa para se tornar ela mesma uma celebridade, uma das ONGs mais queridas do mundo e encanto de uma juventude desiludida com o mundo corporativo e político?
O movimento ambientalista não surgiu por acaso. Muito menos porque o planeta está em perigo. Independentemente do movimento verde, a Terra está cada vez mais limpa principalmente em países com regimes democráticos. China, atualmente, e URSS, no passado recente, são os campeões da poluição. O problema é que estamos infestados de alarmistas: animais em risco de extinção, planeta em perigo, crianças abandonadas, mulheres que apanham... O que acontece se isso não ocorre, deixa de ocorrer ou se percebe que há outras causas? Simplesmente um grande número de ONGs deixarão de existir e muitas pessoas perderão seu sustento. Você já viu alguma ONG cumprir seu objetivo, ou ao menos mostrar que a situação está melhorando?
 Certamente que também não faltam espertos que ganham dinheiro em cima disso. Mas isso não é o pior. Os supostos benfeitores estragam o meio ambiente. Enquanto ganham dinheiro no mercado de créditos de carbono, plantam árvores à força na África deslocando tribos inteiras e afetando o ecossistema. Algumas técnicas de reciclagem exigem uma conta total de energia suja superior ao que economizam, isto é, alardeiam reciclagem e poluem o planeta.
 No entanto, o que mais preocupa no movimento ambientalista é a visão do homem como algo intrinsecamente mau, nocivo ao planeta, à fauna e à flora. O ser humano é um vírus (aliás, para eles os vírus são bons, apenas o homo sapiens merece o título negativo). Em termos mais práticos, os ambientalistas defendem uma pauta que, se posta em prática, levará milhões de pessoas ao desemprego, a carência de alimentos, remédios, energia e à morte. Isso não é exagero: a construção de um porto no litoral do Paraná para escoar a produção aviária foi suspensa porque uma ambientalista norte-americana veio dizer que ali se acasalavam uns golfinhos.
 Patrick Moore é um dos fundadores do Greenpeace, que teve seu começo nos anos 1970. Muitos anos depois ele decidiu continuar sua luta pelo meio ambiente fora da organização. “Para preservar a imagem da organização que enfrenta o sistema, o Greenpeace enveredou pelo radicalismo” – diz Moore em uma entrevista no Spiked. “Qualquer reinvindicação científica foi abandonada em prol de campanhas do tipo ‘tolerância zero’. Engenharia genética e energia nuclear tornaram-se o principal alvo da satanização construída. (...) Eu penso que a falta de uma demanda viável combinada com uma postura de esquerda antiamericana, antimercado levou o movimento ambientalista ao impasse em que se encontra atualmente”.
 O Greenpeace rejeitou a política de desenvolvimento sustentável simplesmente porque recusam o próprio conceito de desenvolvimento. Há mais de 20 anos pede o fim da produção e uso do cloro. Baseando-se no fato de que o cloro em si é toxico, eles exigem sua completa supressão. Ora o cloro adicionado à água diminui enormemente a mortalidade por cólera e outras doenças, especialmente entre os mais pobres do planeta. E ainda bem que o cloro é tóxico, precisamos disso para acabar com as bactérias que podem nos matar.
 Não há nenhum grupo ambiental que aceita mineração. De nenhum tipo. Mas todos eles usam smartphones, viajam de avião e assistem tevês que precisam de materiais que se encontram nas minas. Invadem plataformas de petróleo usando o navio que compraram por US$ 32 milhões que se locomove com um motor a diesel de 5 mil hp.  Porque não usam velas e remos? São contra criação de peixes em viveiros para reprodução de peixes e do uso de tecnologia agrária: como vamos alimentar 7 bilhões de pessoas? Cada um plantando uma hortinha no apartamento? Talvez seja isso que busquem: alguns bilhões a menos de pessoas para que, no entender deles, o planeta seja salvo.

O arroz dourado (Golden rice)

O arroz dourado é um arroz geneticamente modificado para conter mais Vitamina A. Foi elaborado há mais de 15 anos atrás.
O ser humano necessita diariamente 750 microgramas de Vitamina A, mas nem todas as substâncias com vitamina A são absorvidas, então é preciso mais do que isso na forma precursora do betacaroteno. Também é necessário gordura para absorvê-lo adequadamente e aqueles em pobreza extrema tem frequentemente pouca gordura para queimar. Assim, o excesso de ingestão é necessário se você é pobre. Além disso, o organismo precisa de ferro para dividir o betacaroteno em vitamina A e os mais pobres sofrem de anemia.
O arroz dourado tem 31 microgramas de vitamina A por grama de arroz. O consumo de arroz na Ásia é, em média, 103 kg/ano, ou seja, 282 gramas por dia. Se fosse arroz dourado isso seriam 8.742 microgramas de vitamina A por dia. Para aqueles em situação de pobreza, o consumo de arroz é um terço da média, cerca de 31 gramas de arroz por dia, o que lhes daria 2.914 microgramas de vitamina A por dia. Mais do que necessitam para a saúde deles.
Qual o risco do arroz dourado ser nocivo à saúde? Vitamina A é tóxica em níveis muito altos, mas o betacaroteno não. O betacaroteno é composto por duas moléculas de vitamina A que somente são divididas quando o organismo precisa delas. O máximo que pode acontecer é uma pessoa ficar com a pele amarelo-alaranjada, o que acontece com quem toma muito suco de cenoura. Para voltar ao normal, basta reduzir o consumo.
O arroz dourado supõe um grande avanço em termos de nutrição de pessoas na faixa da pobreza. De acordo com a ONU metade da população mundial tem deficiência de vitaminas. O arroz representa 72% da dieta no Bangladesh, Laos e Indonésia e mais de 40% nas Filipinas, Madagascar e Serra Leoa. De acordo com a Organização Mundial de Saúde entre 250 mil a 500 mil crianças ficam cegas todos os anos por deficiência de vitamina, sendo que 50% delas morrem. Vamos supor que esses números sejam exagerados. Diminua 80% se quiser.  Mesmo assim, é muita gente sofrendo e morrendo. Porque até hoje o arroz dourado não foi usado para diminuir a mortalidade infantil no sudeste asiático? Porque o Greenpeace não aprova. Eles são, por princípio, contrários a qualquer alimento geneticamente modificado. Mas não ficam apenas no protesto. Vão até os camponeses assustá-los dizendo que suas famílias vão contrair doenças e morrerão. Dão recursos para outras organizações que não apoiam alimentos geneticamente modificados, divulgam pesquisas com resultados falsos e insistem em dizer que após 15 anos ainda não há testes adequados e permanece o risco de intoxicação.
O tema do risco merece uma consideração. Quando de fala da legalização do aborto nunca se tem em conta o fator risco. Partindo da premissa de que alguns dizem que o embrião é uma pessoa e outros não, segue-se que há um risco, uma possibilidade, de que o aborto, mesmo no início da gravidez, seja um homicídio. O correto seria suspender qualquer aborto até que se tenha certeza absoluta porque está em jogo uma vida! Agora quando o tema é o risco eventual de que alguém venha a ficar ligeiramente doente por ingerir um alimento transgênico então vale o princípio in dubio pro reo?
O arroz dourado é um projeto que nasceu numa parceria público privado com ajuda de organizações sem fins lucrativos. O custo total do projeto é de US$ 2,6 milhões. Greenpeace gasta anualmente US$ 270 milhões, sendo que US$ 7 milhões só para enterrar o projeto arroz dourado e qualquer alimento transgênico. Nas palavras de Patrick Moore, cofundador do Greenpeace “trata-se de um crime contra a humanidade”.

Deixo agora o leitor com as seguintes perguntas: Porque isso não sai na grande imprensa, ao menos para ser discutido pela sociedade? Se alguma igreja fosse contra o uso do arroz dourado, como a grande imprensa trataria o tema?

Nenhum comentário:

Postar um comentário