A imprensa tem usado com muita frequência “especialistas” para julgar
comportamentos. Logo após a manchete, costuma vir “Especialistas criticam...”; “Especialistas
apoiam....”. Em geral a opinião dos especialistas vai de encontro ao politicamente
correto. Por isso “especialistas apoiam a descriminalização das drogas” e “especialistas
criticam colégios que separam meninos e meninas”. Mas o que é um especialista?
Quando temos um problema de saúde e ouvimos um médico especialista
sugerir uma cirurgia, vamos atrás de outra opinião. Se dois especialistas
concordam, é razoável seguir esse conselho. Se temos um problema estrutural na
nossa casa, confiamos na opinião de dois engenheiros civis especializados em
estruturas. Mas quando o assunto é na área de humanas, a situação se inverte.
Quando especialistas em cinema criticam muito um filme, pode ir que será
bom. Será um filmaço. Quando um consultor recomenda mudar a gestão da empresa,
o seu Manoel, dono da fábrica que dá lucro há 30 anos, manda ele plantar
batatas. Quando uma psicóloga fala sobre adolescentes e sexualidade, a dona
Maria que vê os filhos da própria psicóloga e sabe criar os seus, manda ela
plantar batatas. Quando a pedagoga diz que não precisa decorar a tabuada, dona
Maria manda ela plantar batatas.
As pessoas têm sentido comum. Uma
pessoa que trabalha, se sustenta e cria filhos, mesmo analfabeta e ignorante,
tem um enorme sentido comum. Percebe o que funciona e o que não funciona.
Não são tontos. Por outro lado, o
especialista muitas vezes se aferra a ideologias que circulam na
universidade, amparado em estudos destorcidos, alheios à realidade da vida. Por
isso, seu Manoel e dona Maria não tem o menor reparo em ouvir o conselho desses
especialistas e dizer: “Vossemecê, pode ter diploma, mas não sabe criar filhos.
Vossemecê pode ir plantar batatas!”
A imprensa, ao transformar especialistas em instrumentos do politicamente
correto, está dando um tiro no pé. Perde credibilidade. “Dotô, a gente é inguinorante,
mas num é besta, não!”
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