Na França há um surto de
mulheres abandonando a pílula anticoncepcional. Logo o produto que é visto como um rito de
passagem para a vida adulta de muitas mulheres do Ocidente e também como símbolo máximo da
libertação sexual. O que acontece?
Passados 50 anos do seu
uso massivo no Ocidente, a poeira assentada, é possível ver as coisas com um
pouco mais de serenidade. Os efeitos colaterais de um fármaco, que não é
remédio para uma doença e que mexe com o delicado equilíbrio hormonal, são
muito fortes para continuar sendo ignorados.
Já são vários livros
publicados por mulheres no exterior contando suas experiências nefastas com a
pílula (Sabrina Debusquat em J’arrête la
pilule ou Holly Grigg-Spall em Sweetening
the Pill: Or How We Got Hooked On Hormonal Birth Control). Há também o caso
de Barbara Seaman, jornalista americana, que foi banida dos jornais onde
escrevia, sob pressão da indústria farmacêutica, porque dava informação clara
para as mulheres sobre os efeitos colaterais dos contraceptivos. Agora todas
essas mulheres contam com a ajuda de alguns grandes jornais que passaram a dar espaço para o tema. O progressista Le Monde recolheu mais de
mil testemunhos de francesas que largaram a pílula.
O momento crítico foi em
2012 quando 30 mulheres entraram na justiça contra 4 fabricantes da pílula após
sofrerem acidentes vasculares graves, embolias pulmonares e tromboses venosas.
Elas tomavam pílulas da 3ª e 4ª geração, que são as mais modernas. Tendo em conta esse risco, o Ministério da
Saúde francês decidiu suspender o financiamento que dava para fabricarem essas pílulas.
Uma em cada cinco mulheres deixaram de usar esse método e migraram para o
método Billings (natural) ou para o preservativo.
Já são muitos os estudos
que apontam os efeitos colaterais. Em 2006 o Mayo Clinic Proceedings apontou
que o risco de câncer de mama cresce 19% em mulheres com menos de 50 anos que
usaram a pílula. E para as mulheres que usaram a pílula antes da primeira
gestação, esse risco de ter câncer de mama sobe mais 44%. Um fato que costuma
ser ignorado nas fofas campanhas do Outubro Rosa. Um estudo mais recente, de
2016, da revista JAMA Psychiatry relaciona o uso da pílula com eventos mais
frequentes de depressão e transtornos do humor. Isso para não falar em aumento
de peso, fadiga e perda da libido.
Na França tem-se visto o
seguinte diálogo entre uma mulher de 60 anos com sua filha de 30.
- Mas filha! A pílula foi um instrumento de libertação da
mulher da minha geração!
- Eu sei mãe, mas eu quero me libertar também da indústria
farmacêutica!
A pílula converteu a
mulher em dona absoluta da fecundidade, mas também teve que levar sozinha todos
os riscos e problemas. Agora, por ironia da história, as que migram para os
métodos naturais obrigam os homens a compartilhar o fardo das suas decisões.
Nenhum comentário:
Postar um comentário